sexta-feira, 3 de outubro de 2008



O mundo, a sociedade e o consumidor está a mudar. Tudo por causa desse poderoso advento que é a internet e a world wide web.
Assistimos a uma capacidade de comunicação sem precedentes e pouco a pouco começamos a sentir que a web se vai tornando numa ferramenta com capacidade de substiutir todos os outros meios existentes. Para já será muito difícil tal cenário, mas tudo indica que o nosso portátil será em breve um agregador de todos os meios tradicionais.

Tudo isto ganha uma aura muito especial com o desenvolvimento da web 2.0, em que cada um de nós pode intervir, ganhar audiências, produzir conteúdos, influenciar opiniões e processos, em suma assumir um papel, de facto, interventivo.

Este empowerment do consumidor é à primeira vista extraordinário. Permite-nos acesso a informação de inúmeras fontes, oficiais e não oficiais e acaba, supostamente, com o mito do controlo da sociedade através dos meios.

Por outro lado, contém em si um aspecto negativo - a multiplicidade de fontes confunde, baralha e poderá influenciar de uma forma preversa quem se usa dela.

A acrescer a tudo isto entra o factor grátis. Tudo passou a ser gratuito, fácil, imediato, simples. Se quisermos podemos prescindir de comprar música, livros e filmes. Basta um pouco de tempo a navegar da net para percebermos como deitar mão a tudo isto de uma forma gratuita, ultrapassando os direitos de autor e as demais fontes de rendimento associadas que alimentam estas indústrias.

Por um lado temos defensores desta última tendência, que incluem os próprios autores. Por outra temos uma grande resistência por parte das empresas e editoras que asseguram os processos de comercialização e a forma como estes produtos chegam até nós consumidores.

Recentemente comprei um livro - "o Culto do Amadorismo". Em traços gerais o autor discorre sobre como a internet está a destruir todo um tecido e um DNA cultural das nossas sociedades. Tudo por culpa da força deste meio e da intromissão dos amadores na elaboração e produção de produtos culturais.

Em 2009, sairá o livro "FREE" da autoria de Chris Anderson - editor da revista Wired e autor do livro "A Cauda Longa", onde defende que no futuro tudo será de graça e o mercado entrará numa espécie de auto-censura onde os produtos que têm relevância são os que vencerão e influenciarão os consumidores.

Temos ainda o Tofler, criador do conceito "prosumers" em que basicamente os consumidores são mais do que receptores tendo também eles a capacidade de produzir e gerar riqueza para a sociedade ou a comunidade onde inserem.

São tudo conceitos interessantes e profundamente intrigantes que se estão a passar à nossa volta.

Gostaria que discutissem tudo isto.

O factor grátis é certamente bom para todos, mas será que irá baixar o nível médio de qualidade?

Onde e quem e como serão instituídos os filtros de qualidade nos conteúdos disponíveis para todos? E será que tem sentido continuarmos a falar de filtros?

E se tudo passa a ser grátis que outras recompensas para além da notoriedade pessoal terão lugar?

E para acabar, se tudo gira à volta da notoriedade pessoal, será que nos tornaremos numa sociedade absolutamente hedonista e com caminho aberto para o niilismo?

Posted by ... Unknown às 14:47
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2 comentários:

Anónimo disse...

Seth Godin lançou um livro cujo o nome eu acho genial. Chama-se "Free Prize Inside".

Bom ou não para a marca, sempre chama a nossa atenção como consumidor, não é verdade?

Unknown disse...

É verdade. A nossa atenção enquanto consumidores é de facto captada, mas será que não nos tornamos mais vulneráveis? E as receitas? Como é que são geradas? de uma forma transparente?
Na verdade estou muito entusiasmado com esta cultura free, mas começo a por em dúvida a qualidade dos produtos que nos apresentam. Há um ditado que diz: "A cavalo dado não se olha o dente". Esta noção é passada para o consumidor, mas caberá a nós enquanto consumidores contruirmos filtros de qualidade eficazes para não cairmos em fraudes e coisas menos boas.
O free prize inside é de facto um livro extraordinário.
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