Quando falamos de inovação, identifica-se mais com Picasso ou com Cezanne? Esta foi a questão levantada por Malcolm Gladwell. Gladwell usou as diferenças existentes entre os pintores para ilustrar dois estilos de inovação: conceitual (Picasso) e empírico (Cezanne).
O trabalho mais impressionante (e o mais valioso) de Picasso surgiu no começo de sua carreira, com vinte e poucos anos de idade. Enquanto Cezanne criou sua melhor arte com seus sessenta anos. Estes exemplos, retirados do livro de David Galenson, mostram que ideias inovadoras podem aparecer rapidamente, mas também podem levar algum tempo para amadurecer.
Não existe uma situação melhor ou pior do que a outra, mas o estilo de Picasso leva uma certa vantagem, porque as ideias de vanguarda podem ser mais facilmente moldadas. Já no modelo de Cezanne, os inovadores não sabem exatamente como será o produto ou a ideia final.
Gladwell fez uma observação interessante: “uma das maiores diferenças é que cada forma de inovação leva a relacionamentos distintos com os clientes”. A inovação conceitual (Picasso) é uma estratégia de curto prazo, e não favorece a fidelização do cliente. “Muitas companhias que adoptam este tipo de inovação não criam um elo duradouro com os seus clientes”. Para ilustrar o caso, Gladwell citou os web sites Friendster, MySpace e Facebook. Estes meios tiveram o seu momento, mas os utilizadores não hesitaram em migrar para o próximo, quando algo melhor surgiu.
A inovação empírica (Cezanne), representada por exemplos como os computadores Apple, a série The Sopranos da HBO, ou mesmo a banda Grateful Dead, criaram uma conexão permanente com seus fãs. “Embora a audiência inicial tenha sido pequena, o relacionamento tem sido envolvente e de longo prazo”, diz Gladwell. Em muitos casos, a marca e os clientes amadurecem juntos.
Infelizmente, não é dessa forma que muitas empresas operam. As companhias tendem a dispensar boas ideias, caso não produzam resultados imediatos. Na indústria da música, muitas bandas saem do mercado quando as vendas do primeiro disco são baixas. Caso uma campanha de marketing não alcance os números desejados, ela também estará fora do ar.
Gladwell argumenta que a paciência é um factor crítico. “Você perderá 50% do sucesso criativo com uma estratégia Picasso. Precisamos ajustar as nossas expectativas quando queremos que algo funcione”. Ao criar um espaço dentro da empresa para a inovação experimental, as organizações podem balancear a inovação de curto e longo prazo para os dois estilos de criatividade, enquanto constroem uma fidelidade duradoura.
(fonte: intelog)
quinta-feira, 6 de março de 2008
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12:07
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reflexões
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