A figura da declaração da missão de uma empresa teve um impacto extremo principalmente durante os anos 90.
Foi um romper com uma série de métodos e processos típicos de empresas envelhecidas e sem rumo comercial, por empresas com um propósito e um objectivo bem definido, claro e que acima de tudo se tornasse evidente para os seus colaboradores e principalmente para os seus clientes.
Foi um primeiro passo em direcção de um novo mercado, encarado de uma forma global ao mesmo tempo que se assumia uma maturação do mercado e do consumidor. Foi de facto um passo importante. Tão importante que hoje em dia é quase inconcebível uma empresa não ter uma missão e um conjunto de valores pelos quais se rege.
O problema é que com o tempo e a banalização desde acto, as próprias declarações de missão foram perdendo o seu propósito inicial. A missão passou a ser encarada como uma arma comercial e como consequência começou a afastar-se lentamente do ADN das empresas. Agradar a todos passou a ser a palavra de ordem, em vez de delinear um caminho ao longo de qual teriam de se tomar opções.
As declarações de missão passaram a dizer tudo e ao mesmo tempo a dizer nada tal era a sua capacidade de elasticidade e a sua preocupação em agradar a gregos e troianos. Atente-se a este exemplo de missão de uma empresa:
"satisfazer os desejos de entretenimento e de informação pessoais dos nossos clientes, através da satisfação total dos clientes"
O que é que isto significa? Na verdade qualquer empresa que não tenha esta preocupação é uma empresa morta à partida. Aliás, quem não respeitar estes pressupostos quando monta uma empresa deve ser de outro planeta.
É importante recuperar a seriedade e a natureza real deste importante passo dado no fim do século passado. A missão de uma empresa é importante, obrigatória, mas não pode ser encarada como um "statement" de fachada que serve apenas os objectivos comerciais e de imagem.
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